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A vida é bonita.

A vida é bonita. É bonita, mesmo quando não a conseguimos ver assim.

A vida é bonita.

A vida é bonita. É bonita, mesmo quando não a conseguimos ver assim.

Perdida no café

 (...)

É cedo, uma manhã em que se repete a rotina de ir para o trabalho.

Chego à Estação de Comboios e ainda faltam 12 minutos para o meu comboio, espreito para o café próximo da bilheteira, está uma cliente a ser atendida na caixa pré-pagamento. Óptimo! Dá tempo de beber um café antes de apanhar o comboio.

Não, afinal não será tão linear.

Primeiro pressuposto: Cafés e pastelarias em locais estratégicos, com grande movimento, por outras palavras muita clientela, em horas de ponta, têm um atendimento rápido e eficiente, porque sabem que quem trabalha tem os minutos contados.

Ali estou eu na fila para pagar o café que pretendo beber antes de apanhar o Comboio daqui a 11 minutos.

No café, que é pequeno e um espaço acolhedor, estão 4 pessoas visíveis: Uma cliente sentada, numa das poucas mesas existentes, a tomar o pequeno-almoço; uma funcionária; a cliente a "ser atendida"; eu. Está  mais alguém, mas não se vê, ouve-se na copa.

Continuo a estar atrás da cliente que vi já estar a ser atendida antes de eu entrar no café. Ainda não pediu nada, fala com a funcionária da caixa sobre uma qualquer peripécia que lhe aconteceu esta manhã, a conversa interessa às duas, e eu continuo à  espera de pedir e pagar um café. Estou com pressa sim, começo a mostrar impaciência, mas isso não tem qualquer interesse para aquelas duas pessoas.

Finalmente o pedido é feito e pago, não  ainda não é o meu. Com movimentos de quem está ali para ir trabalhado, sem pressa alguma, é iniciada a realização do pedido, um café e um bolo. Eu continuo na Caixa para pedir e pagar 1 café.

Chega a minha vez, finalmente!  

Segundo pressuposto: É só um café, um café tira-se rápido e pronto vou ter de o engolir rapidamente, como se engole um xarope amargo, mas já que aqui estou vou beber o café. 

Quando temos de assistir  à execução de pequenas acções, que envolvem receber um pedido e pagamento de um café e servi-lo, tudo a um passo de caracol, é algo para respirar fundo várias vezes...  Sim, é verdade que o meu tempo estava contado, mas numa situação normal, em 12 minutos  poderiam ter sido atendidas bem mais do que 2 pessoas e certamente tirados  no mínimo 4 cafés. 

Fim da história: Perdi o comboio, pude beber o café calmamente e apreciar,  em ebulição, a lentidão  com que se move aquela funcionária e uma outra que entretanto apareceu da copa.

Tudo isto seria irrelevante, se não fosse uma "praga" que se espalhou rapidamente, e parece não ter fim, pela restauração, supermercados e comércio em geral.

Funcionários sem a formação necessária para as funções que exercem, que desempenham mal as tarefas que executam e a um ritmo assustadoramente lento.

A nível de educação e saber estar encontro apenas a saudação dada ao cliente:  bom dia, boa tarde e boa noite. Se tivermos sorte alguns olham para nós quando dão a saudação, quando precisam de se dirigir a nós com alguma questão ou quando falamos com eles.

Voltei a este café, cujo nome me faz lembrar os índios dos filmes de cowboys, que via quando era miúda, e que está associado a algo que deveria ser doce, mas cada vez mais é um Pingo Amargo. Voltei aqui e a outros sítios idênticos, porque, por vezes, dá  jeito e não há alternativas, outras vezes é mesmo necessário. Voltei e, como não poderia ser de outra maneira, mais situações indesejáveis aconteceram, comigo e com outros clientes.

Um conselho, não reclame, porque o lema agora é outro: "O cliente nunca tem razão". O cliente é demasiado exigente, por exemplo, qualquer água quente misturada com café é sempre um bom café, não sejamos esquisitos, até  porque um cafezito é tão barato.

O ideal é frequentar  o menos possível cafés e afins, a qualidade dos bens e serviços prestados é cada vez pior. Tudo o que se puder fazer em nossa casa o melhor é fazê-lo, infelizmente há sempre a necessidade de ir ao supermercado e não só, mas pela nossa sanidade mental é melhor reduzir ao máximo essas obrigações e fazer alguma preparação mental antes de entrar nesses locais.

Perdida num novo mundo...

Serei eu!? Terei eu valores que na sociedade actual são antiquados.

Os dias são uma avalanche de situações que me deixam perplexa. Assisto, e experiencio de uma forma directa, a uma falta de civismo que se tornou banal e me parece aceite por todos ou será que todos nós já desistimos de exigir o que é um  direito implícito e explícito: o respeito.

Talvez estejamos cansados, eu estou mesmo sem energia, e sentimos que é uma luta inglória, por isso deixámos de reclamar. Até  porque reclamar também não traz resultados e faz-nos perder o nosso tempo, que é sempre tão escasso para as mil e uma tarefas diárias.

(continua)

 

Uma luta permanente

Conseguir algo sempre foi sinónimo de muito esforço. Generalizando poderei dizer que, para tudo existiu e existem barreiras no meu caminho. Nunca senti que a vida me presenteasse com a tendenciosa facilidade em obter as  pequenas e simples  coisas acessíveis à maioria.

Um caminho solitário e feito pelas próprias mãos, na luta constante e consciente  de que a batalha se materializa em diversas frentes. 

Desgastante, muito desgastante. 

Como benefício temos  o crescimento pessoal, mas será assim tão  compensador face ao abalo irreversível provocado na estrutura?!

Pretensiosa, talvez, mas convicta de que merecia uma folga e um companheiro de luta. A carroça é  mais leve quando puxada por mais do que um cavalo e o caminho torna-se mais agradável quando partilhado.

Nota: texto escrito através do tlm e com todas as limitações subjacentes

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