Quando no corre corre matinal, prestes a saíres de casa, esfregas creme na palma da mão para aplicares rapidamente no rosto, mas de repente há creme e óculos à mistura, será isto sinal de que os óculos são um prolongamento de ti?!? Cuidas dos teus óculos com o mesmo amor que cuidas da tua pele?!? Ou tens de passar a levantar-te mais cedo?!?
Li por aí muitos, aliás demasiados, comentários de aversão aos pêlos corporais como resposta a uma campanha fotográfica, protagonizada por figuras públicas que não se inibiram de expor orgulhosamente os pêlos das suas axilas e pernas, contra um padrão de beleza que aponta o dedo discriminatório a uma minoria de peludinhas por opção e a umas quantas peludinhas que por descuído atrasaram a depilação.
De facto a depilação foi ganhando cada vez mais território corporal, assumindo extrema importância no conceito do belo. São modas! Há as que ficam e as que vão, dizem.
A primeira reacção que tive perante as fotos da Campanha foi de estranheza, os preconceitos que interiorizamos inconscientemente toldam-nos a visão, mas voltei a rever as fotos algumas vezes e a estranheza foi passando, deu lugar a uma apreciação da beleza física na sua naturalidade. Naturalmente belo, sem artifícios, é o corpo humano com todas as suas particularidades biológicas.
Senti necessidade de experienciar algo, e assim o fiz:
- Olhar com o mesmo amor para o meu corpo depilado ou por depilar.
Consegui! Em privado tudo é mais fácil.
- Contrariar o constrangimento em público.
Lá fui eu passear na praia de calças arregaçadas até aos joelhos, com o vento a tocar-me as pernas peludas, a água fria do mar a molhar a pele e a destacar os pêlos que envergonham ou não.
Ridículo? Talvez! Mas foi uma sensação libertadora e de fortalecimento.